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Os maias não possuíam um símbolo para o sinal de igualdade. Já nos manuscritos do grego Diofanto de Alexandria, o sinal de igualdade é representado por: ισ. O manuscrito hindu de Bhakshali utiliza a contração pha (de phala, cujo sentido é: "igual à") para representar o resultado de uma operação matemática. E o árabe al-Qalasadi faz uso do caractere yadilu (ﻝ) com esse mesmo propósito. A Europa medieval é quem novamente oferece um cardápio variado de opções de sinais ou palavras para representar uma igualdade ou o resultado de uma operação matemática. Muitos autores utilizavam a palavra "igual" em latim ou em seu idioma natal para denotar uma igualdade; neste rol encontram-se, entre outros: Palto de Tivoli, Pedro Nunes, Michael Stifel, Francisco Vieta, etc.
Por outro lado, o monge franciscano e matemático italiano Luca Pacioli, em seu Summa de Arithmetica, editado em 1.494, utiliza, em uma de suas demonstrações matemáticas às margens do livro, o travessão (–) como sinal de igualdade.
O matemático francês Joannes Buteo, entretanto, em seu livro Logistica, editado em 1.559, apropria-se do colchete ([) para indicar igualdades.
Atribui-se, enfim, ao matemático inglês Robert Recorde, em seu livro The Whettstone of Witte (editado em 1.557), a primazia pela criação e emprego do sinal "igual a" (=) para representar uma igualdade.
De tudo o que foi exposto até aqui, depreende-se que, após tantas experimentações pelos eruditos matemáticos ao longo de décadas, principalmente na Europa e mais precisamente durante o período conhecido como Renascentismo ou Renascença (historicamente situado ente os séculos 12 e 16 d.C.), e sobretudo após a invenção da prensa de tipos móveis por Johannes Gutenberg em 1.439 – que proporcionou uma verdadeira revolução na disseminação do conhecimento acumulado até então – subsistiram paulatinamente somente os sinais aritméticos que semiologicamente se adaptavam melhor à linguagem matemática nascente, dando-lhe uma forma e um estilo que, ao mesmo tempo em que a diferenciava da linguagem escrita, habilitava aos iniciados nessa ciência a imediata compreensão do significado de uma expressão escrita em tais termos.
A uniformização desses sinais permitiu, enfim, que a linguagem escrita e falada se tornasse um obstáculo menor à compreensão da linguagem matemática, de modo que, independentemente do idioma, a língua dos números e das operações aritméticas tornou-se, inexoravelmente, universal.
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