Ciência de Garagem

Um blog sobre ciência em geral e matemática em particular

quinta-feira, dezembro 25, 2014

Matemática - Volume 1 - Introdução

A


matemática é tradicionalmente uma das disciplinas escolares mais mal afamada entre a maioria dos estudantes. Apresentada desde os seus primeiros conceitos como uma combinação inequívoca e fria de números e regras cujo resultado não permite senão uma resposta exata, ela se transforma em um prolongado martírio principalmente para os alunos que não levam muito jeito com números. Entretanto, é sabido que a matemática germinou, evoluiu e se ramificou concomitante aos diversos períodos sociais, políticos, religiosos, geográficos e filosóficos que marcam o nascimento, o desenvolvimento e a queda das civilizações desde eras remotas; assim, extirpá-la desse contexto é alijá-la de toda a graça e beleza que lhe são próprias e, por consequência, é negar ao estudante todo o arcabouço que permitiu a descoberta dos conceitos abstratos que, de outra forma, não teriam chegado ao conhecimento humano. O resultado, na sala de aula, é bem conhecido de todos...

O que nos traz a suspeita de que o professor de matemática deva não apenas saber fazer contas, mas também entender de história, geografia, sociologia, etc., suficientemente bem para transmitir esse conhecimento tão valioso aos seus pupilos de forma divertida, curiosa e eficaz. Ou talvez pudéssemos dizer que os professores de português, geografia, biologia, é que deveriam entender de matemática para bem ministrar suas disciplinas. Eis aqui um belo desafio à pedagogia: alinhavar as matérias escolares de modo que constituam um todo coerente de significado e não um amontoado de assuntos desconexos que tornam o ato de estudar em uma atividade entediante e desmotivadora que cerceia a criatividade e vai tolhendo, pouco a pouco, a curiosidade, os questionamentos e a capacidade inovadora das crianças e dos jovens na medida em que compartimenta as diversas facetas do conhecimento em caixas de diferentes tamanhos e formatos, isoladas e independentes umas das outras, formando como que um quebra-cabeça com peças que não se encaixam. Aprender deve ser um processo lúdico ao longo de toda a vida que em hipótese alguma se confundirá com leviandade, assim como ensinar será sempre um ato de fé se o conhecimento for oferecido às novas gerações com o firme propósito de prepará-las a seguirem suas jornadas com serenidade e confiança, pela simples esperança de que façam desse conhecimento e de novos que surjam um melhor uso do que estamos fazendo com os nossos: eis a missão reservada aos estudantes e professores de todas as idades. Igualmente importante será estimular nas crianças e nos jovens o gosto pela observação da natureza, fazendo-as notar a simetria e o colorido das flores e das folhas, o fascinante vôo das aves, o movimento das ondas do mar, o deslocamento das estrelas no céu, porque tudo isso instiga a curiosidade e o questionamento, aguçam nossa percepção ao pulsar da vida e à ação das leis naturais, nos colocam em reflexão e nos encantam ao mesmo tempo.

Este conteúdo, longe da pretensão arrogante de querer oferecer uma metodologia nova, busca tão somente ser diligente em sua proposta: a de trazer à luz os fatos históricos de uma forma tão fiel e divertida quanto possível, num sincero esforço para revelar a face desconhecida e bela desta dama incompreendida: a Matemática!